Qual o melhor título do Tesouro Direto?

Decidir qual é o melhor título para investir no Tesouro Direto é uma tarefa difícil. As siglas parecem complicadas para um investidor iniciante e, não bastasse esse fato, mesmo após compreender o significado de cada título, é difícil decidir qual deles seria melhor adquirir. Mas é sempre possível alinhar as características de cada título do Tesouro Direto aos objetivos do investidor.

As características específicas de cada título do Tesouro Direto auxiliam a definir o melhor papel para cada situação


Existem basicamente três tipos de título no Tesouro Direto:

a) Indexados à taxa Selic

São as chamadas LFTs, título pós-fixado cuja rentabilidade segue a variação da taxa Selic. A não ser que a Selic comece a ter taxa nominal negativa, as LFTs sempre pagarão juros positivos.

Regra: quando a taxa Selic sobe, a LFT sobe; e quando a Selic cai, a rentabilidade das LFTs também cai.

Recomendação: Esses títulos são recomendados para investidores que precisarão do dinheiro no curto prazo – em até 2 ou 3 anos. Esses investidores precisam ter razoável previsibilidade do desempenho do papel e não podem se dar ao luxo de ter surpresas desagradáveis com uma variação da taxa de juros que diminua o valor de seus títulos. Mas não espere grandes saltos na rentabilidade das LFTs, pois ela espelha a taxa Selic. É importante acompanhar a relação entre a rentabilidade das LFTs e a da poupança, pois, em determinadas circunstâncias, a poupança pode vir a render mais que as LFTs – especialmente em investimentos de prazo inferior a dois anos, graças aos impostos e taxas vinculadas ao Tesouro Direto.

b) Prefixados

Neste grupo, estão as LTNs e NTN-Fs. A diferença entre elas é a seguinte: as NTN-Fs pagam um cupom semestral, equivalente aos juros devidos no período, ao passo que as LTNs pagam os juros apenas no momento do vencimento, junto com o valor do investimento principal. A variação da rentabilidade desses títulos é inversamente proporcional ao movimento da taxa Selic. Quando a Selic sobe, a rentabilidade deles cai. Esses títulos têm a rentabilidade prefixada, ou seja, independentemente da inflação, o investidor receberá exatamente os juros combinados no momento da compra.

Recomendação: Esses títulos são mais indicados para investidores que não têm planos urgentes para o dinheiro, acreditam que a inflação se manterá razoavelmente estável e que não haverá grandes aumentos na Selic. Se a Selic aumentar, o valor do título cairá e, por isso, a rentabilidade do investidor em períodos curtos poderá vir a ser afetada. Particularmente, não gosto muito desses títulos, pois expõem o investidor a um risco inflacionário amplo: se a inflação disparar, a rentabilidade real desses títulos é afetada irremediavelmente. Esse efeito tende a ser menor no caso das LFTs porque, quando a inflação aumenta, a Selic normalmente também é elevada para garantir uma rentabilidade real mínima nos investimentos. Por outro lado, se o investidor espera que a Selic vá cair, pode ser uma boa apostar nesses títulos, pois a rentabilidade será maior.

c) Indexados ao IPCA

Os representantes deste grupo são as minhas preferidas para o longo prazo: a NTN-B Principal e NTN-B. A diferença entre as duas é a mesma das NTN-Fs e LTNs. As NTN-Bs pagam cupons semestralmente, ao passo que as NTN-B Principal não pagam. A diferença entre as NTN-Bs e as NTN-Fs é importante para o investidor que pretende viver da renda desses títulos: as NTN-Bs pagam juros + inflação, ao passo que as NTN-Fs pagam apenas juros. Só que, evidentemente, os juros das NTN-Fs são maiores que os juros das NTN-Bs. Assim, se a rentabilidade de uma NTN-B for composta de 4% de juros e de 6% de inflação, totalizando algo em torno de 10%, serão pagos apenas os 4% de juros – e os 6% relativos à inflação serão usados para reajustar o valor do principal. Por outro lado, se os juros ajustados na NTN-Fs forem de 10%, o investidor receberá cupons equivalentes a esta taxa.

Vejamos um exemplo: um investidor decidiu investir R$ 10.000,00 em uma NTN-F que paga juros anuais de 10%, e R$ 10.000,00 em uma NTN-B que paga juros anuais de 4%, mais inflação. Digamos que a inflação do semestre seja de 3%. Ao final de um semestre, esse investidor receberia 5% do valor investido na NTN-F (R$ 500,00). Quanto à NTN-B, o capital investido seria corrigido pela inflação de 3% do período e equivaleria a R$ 10.300. Sobre este valor, seriam pagos os juros de 2% (metade dos juros anuais), ou R$ 206,00. Ou seja, a NTN-B pagaria menos da metade da NTN-F. Para fins didáticos, não computei ainda taxas de administração e impostos.

O detalhe, aqui, é que, assim como os títulos prefixados, as NTN-B e NTN-B Principal também variam de modo inversamente proporcional à variação da Selic. Ou seja, se a Selic sobe, a rentabilidade desses títulos cai e vice-versa.

Recomendação: Esses títulos são mais indicados para investidores de longo prazo. As NTN-B devem ser utilizadas por quem já acumulou um capital enorme e deseja usufruir da renda gerada por esse capital com alguma proteção do capital principal contra a inflação. Já as NTN-B Principal devem ser utilizadas por quem ainda está no processo de acumulação e não precisa da renda gerada pelo capital. Como essa renda vai ser incorporada aos títulos, o investidor ainda se beneficia dos juros compostos. Prefiro comprar, desses títulos, os de prazo mais longo e mais próximo do período em que o investidor deseja se aposentar. Por exemplo, se sua aposentadoria está programada para 2033, você deveria investir em títulos NTN-B Principal com vencimento em 2035 – prazo bem próximo do momento de utilização do valor investidor.

alocação de ativos também pode ser importante para os que ficarem preocupados com uma correlação negativa entre a rentabilidade de seus títulos e a taxa Selic, que pode impactar negativamente no patrimônio em determinados períodos. Neste caso, você pode adotar um procedimento recomendado por Henrique Carvalho, do HC Investimentos: dividir o patrimônio entre LFTs, que têm correlação positiva com a Selic, e NTN-B (Principal ou não), que têm correlação negativa.

Autor: Fábio Portela
Fonte: opequenoinvestidor.com.br/2012/10/qual-o-melhor-titulo-do-tesouro-direto

2 comentários sobre “Qual o melhor título do Tesouro Direto?

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